O surgimento do homem, em sua época remota, leva-nos ao estudo da pré história. A pré história tem um marco inicial desconhecido e corresponde ao período anterior à invenção da escrita. A origem da humanidade, acredita-se, deu-se a cerca de 7 milhões de anos, com o bipedismo.
De acordo com a teoria evolucionista homem e macaco tiveram um ancestral comum, entretanto, a espécie humana logo desenvolveu atributos que o diferenciaram dos outros primatas. O principal destes atributos, foi o desenvolvimento da consciência, característica esta que os humanos adquiriram há aproximadamente 2,5 milhões de anos.
" Um marco importante em direção à experiência completa da consciência humana é a consciência de si mesmo, o conhecimento de que se é um indivíduo entre muitos. E bem perto da consciência de si mesmo está a consciência da morte. (...) Quando a certeza da mortalidade surgiu pela primeira vez na mente de nossos ancestrais, eles devem ter começado a se importar com seus mortos e inventaram o ritual do enterro."
(Leakey, Richard - O povo do lago, Pág-160. Ed. Melhoramentos)
Diante disso, surge uma questão inevitável: que fator terá
desencadeado o surgimento da consciência humana? Inicialmente, acredita-se que a capacidade mental de um indivíduo estava diretamente ligada ao tamanho de seu cérebro. Hoje sabe-se, porém que esta hipótese não é válida, pois o que determina a capacidade mental é na verdade o tamanho do cérebro em proporção ao tamanho do corpo.
Mas o que teria estimulado o crescimento do cérebro humano?
Provavelmente um grande estímulo recebido pelo homem para que este desenvolvesse uma mente introspectiva foi a necessidade de produzir artefatos que o auxiliassem em suas atividades, permitindo-o adaptar-se ao meio em que vivia.
Para o antropaleontólogo Isaac, a necessidade do homem primitivo de criar estratégias de caça, tendo que interagir em grupo e viver em cooperação, levou-o a se desenvolver intelectualmente, de forma que passou a inventar uma técnica mais eficiente de comunicação, por outro lado Darwin analisa o ato de caça com um aspecto negativo, uma espécie de "pecado original" segundo ele, a partir do momento em que o homem experimentou a carne, ele teve seu momento de queda, tornando-se um ser violento.
"A caça nos tempos mais primitivos, quando o homem ainda era mais fraco que sua presa, deve ter exigido a máxima concentração física e mental. Nossa concentração e a posição de dependência do homem ao seu ambiente natural, produziram uma atitude mental específica, já que a inferioridade do ser humano precisava ser compensada por um senso de superioridade artificialmente induzido por uma exacerbação do ego."
(O mundo da arte - A arte pré histórica e primitiva, Pág-14. Editora Expressão e Cultura)
Lewis Binford contrapôs as idéias de Isaac e de Darwin, afirmando que o homem não era "o caçador e sim a caça", pois facilmente servia de presa para animais selvagens, bem mais fortes do que ele. Além do mais o homem carnívoro se alimentava dos restos de carne deixados pelos outros predadores, sendo denominado por Binford, como "carniceiro".
Como na maioria das vezes o que sobrava das presas que serviam de alimento para o homem eram constituídas quase que essencialmente de um amontoado de ossos (a carne havia sido devorada por outros predadores) ele teve a necessidade de criar ferramentas que o permitissem quebrar estes ossos, possibilitando a retirada do tutano, que lhe serviria de alimento.
Assim, o homem teve de desenvolver a capacidade de produzir
artefatos com uma finalidade específica, fator determinante para sua sobrevivência.
Os conhecimentos adquiridos e as técnicas utilizadas pelo homem, que garantiram sua subsistência no meio, passaram ao longo do tempo a serem transmitidas de uma geração a outra, ou seja, pode se dizer que a partir daí o homem tornou-se um ser cultural, pois foi necessário passar os conhecimentos adquiridos às novas gerações que se sucediam.
"A cultura é a adaptação humana e se torna possível pelo padrão
insólito de infância e maturação ."
(Leakey, Richard - A origem da espécie humana. Pág-53. Ed. Rocco)
Segundo Leakey, o fator de humanização dos seres humanos, é a forma pela qual os humanos tornaram-se humanos, foi através de um aprendizado intenso das habilidades que o tornavam aptos ao meio, e também dos hábitos e costumes, laços de parentesco e leis sociais, isso é uma absorção da cultura, o que ocorre principalmente em seus primeiros anos de vida.
Apesar de parecer estranha, a introdução de uma dieta carnívora fez o homem tornar-se um ser cultural. Partindo-se do princípio de que a adoção de uma dieta carnívora ocasionou o crescimento do tamanho do cérebro, este por sua vez acelerou o processo de gestação humana, que diminuiu de 21 para apenas 9 meses. Desta forma, os bebês humanos passaram a nascer desprotegidos para a vida, tendo-lhes que ser transmitida sua adaptação ao meio e a cultura que o absorvia.
" A taxa de crescimento corporal nas crianças humanas é baixa quando comparado com a dos macacos, mesmo que a taxa de crescimento do cérebro seja similar. Em conseqüência, as crianças humanas são menores do que seriam se elas tivessem acompanhado a taxa simiesca de crescimento. "
(Leakey, Richard - A origem da espécie humana, Pág-53. Ed. Rocco)
Com o nascimento, tem início no cérebro do bebê as conexões entre os neurônios cerebrais. Este é o momento em que passamos a assimilar o mundo em que vivemos, e que dá início ao processo de aprendizagem que se estenderá por toda a nossa existência.
Através do crescimento do cérebro e do desenvolvimento da mente, com a utilização do raciocínio, o homem deu início a um processo de comunicação, cuja primeira forma de manifestação foram as pinturas rupestres, uma forma que o homem primitivo encontrou de expressar seus feitos e conquistas. Com a utilização da linguagem, foram quebrados os grilhões que prendiam todas as criatura, permitindo-nos conquistar infinita liberdade no espaço e no tempo.
Este trabalho pode ser utilizado desde que citada a fonte:
Universidade Zero - A Origem da Mente Humana - Por Marcos Faber, Camila Pereira e Maria Isabel Vieira - www.historialivre.com/uz
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